Quando comecei meus estudos musicais no
conservatório, eu tinha que fazer as aulas de teoria, ficava imaginando por que
eu tinha que aprender aquilo tudo. Escalas, intervalos, série harmônica e tudo
mais.
Me senti novamente no ginásio,
aprendendo equação do segundo grau, sem ter a mínima ideia para que servia
aquilo.
Mas como tomei gosto por essa tal de
teoria, me dei bem e acabei me aplicando mais parte do que na prática
instrumental. Embora participasse da banda e da orquestra do conservatório,
tinha bastante dificuldade, principalmente na banda, pois as partituras exigiam
uma leitura rápida e uma técnica de execução mais ágil.
Resultado: Me formei no conservatório, em Clarinete, e
como queria seguir o estuda da música resolvi prestar o vestibular para entrar
na UNESP. Ao invés de me inscrever para INSTRUMENTO, devido ao meu amor e
dedicação à parte teórica, resolvi tentar entrar em COMPOSIÇÃO E REGÊNCIA!!
Muita pretensão, segundo alguns
colegas!!
E não é que eu passei!
Comecei a faculdade no ano seguinte à
minha formatura, e obviamente, as matérias eram todas teóricas. Para mim, uma
alegria. A regência só viria no 3o. ano.
Como formado, eu era sempre convidado a
participar da banda e da orquestra, porém, acabei me afastando durante um
tempo, quase o ano todo. Por insistência do Diretor (querido e saudoso Sr.
Manfredo), acabei voltando no final do ano, já preparando para a formatura do
ano seguinte.
No sábado em que fui para o ensaio, me
senti um tanto nervoso, pois nunca mais tinha tocado e estava mais enferrujado
do que já era. Porém, para minha
surpresa, quando comecei a tocar, a leitura fluiu fácil, as chaves pareciam
mais leves, toquei sem a menor dificuldade.
Não entendi nada. Como podia ser tão
fácil se não estudava há meses.
Comentei com o Sergio Burgani, professor
de clarinete da UNESP naquela época e ele me explicou que era fácil de
entender. O fato de eu ter me aprofundado no estudo da teoria abriu meu campo
de visão em todos os sentidos, de leitura, de técnica e de interpretação.
E de fato passei a perceber isso. Aí
sim, depois de tantos anos entendi a importância do estudo da teoria. A teoria
fornece ao instrumentista a base que ele necessita para ler a peça e executá-la
corretamente na fase de estudo (principiantes), acrescentar as técnicas durante
a evolução do seu estudo e finalmente a interpretação correta e exata quando
chega a um nível mais elevado.
Por exemplo, o Pour Elise, de Beethoven.
Esta peça é estudada desde os primeiros anos de piano, em que os estudantes tem
dificuldades técnicas, de leitura e de execução. Com o conhecimento de teoria
ele não terá dificuldade executar corretamente cada compasso. Porém, ele vai
evoluindo no estudo de técnicas que vão permitindo a ele uma execução mais
aprimorada. Mas, quanto mais conhecimento teórico ele tiver, mais perfeita será
sua execução, pois não tendo mais dificuldades técnicas ele poderá interpretar
um determinado acorde com perfeição, frases com a expressão correta, cadências
harmônicas com precisão, modulações com clareza, enfim, extrair da peça toda
beleza que o compositor idealizou. Vejamos quão perfeita é a execução desta peça
nas mãos de pianistas renomados que dão a ela uma intensidade e uma beleza
ímpar.
Por isso, sugiro um esforço de todo o
estudante de música no sentido de se dedicar ao estudo teórico, por que isso
vai produzir um resultado fantástico na sua vida de instrumentista.
Texto enviado por nosso Maestro e professor de teoria e sopro - Edson Galioni da Silva
Espaço Musical Viva Arte 2013
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